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"Na simplicidade do meu coração, cheio de letícia, te dei tudo" (Liturgia Ambrosiana)












sexta-feira, 11 de junho de 2010

AFETIVIDADE E SEXUALIDADE*

Gostaria de começar este texto perguntando a nós mesmo: qual a importância que estamos dando a nossa dimensão humano-afetivo-sexual? Como estamos vivendo com os novos paradigmas? Perguntado podemos também responder que é importante não deixar de oferecer uma especial atenção a uma área da nossa vida tanto complexa como a nossa gênese. Uma vez que a pessoa humana é uma realidade complexa e sagrada.

Por isso, não pode ser manipulada e tocada para frente de qualquer jeito. Hoje mais do que nunca é preciso falar claro, definir o autêntico sentido das palavras, darem aos atos o seu verdadeiro nome.
A afetividade e a sexualidade formam uma dimensão significativa da pessoa humana. Por essa razão precisam ser compreendidas e levadas mais a sério, principalmente na formação da juventude.
Pode-se definir a sexualidade humana como uma força de encontro, ou, melhor ainda, como um dinamismo de abertura, de comunhão e de criatividade. A sexualidade é o limite que remete à outra pessoa, diferentemente de mim. É uma condição humana, um modo de ser expressos num comportamento e atitude que condicionam e freqüentemente determinam o grau e a qualidade da vida humana. Deus se torna a vida do ser humano (Dt 6,4). O relacionamento entre homem e mulher é figura do relacionamento com Deus.
Ao detectarmos esse fato, sabemos que Deus fez o homem e a mulher a sua imagem e semelhança, com um corpo, com isso o meu corpo também é o outro. O corpo se torna ele mesmo diante do outro, pondo-se em uma dinâmica relação. São João nos diz: “Deus é amor” (1Jo 4,8). É nisto que consiste a vida humana. Fomos formados, criados por amor. É o amor divino que permite ao nosso corpo existir, descobrir o seu fim último, o seu significado. O corpo humano é uma conexão entre a liberdade e a necessidade, vai além do instinto. “O amor é o que há de maior no homem: é o que lhe permite superar-se a si mesmo na descoberta do outro, ir mais além na compreensão do homem e até do mistério de Deus”.
Não se vive com um outro sem amá-lo, caso contrário, a vida seria estúpida e o caos tomaria o lugar da ternura. O amor é um aspecto da vida do homem, da mulher. Quando melhor conhecermos a pessoa, mais fundo penetraremos na essência do amor, no que ele implica, nas suas exigências, nos riscos que envolve, nos frutos que fornece, nos horizontes que abre.Toda pessoa é um “ser de encontro”.

O encontro é o entrelaçamento de duas realidades que se enriquecem mutuamente. No encontro acontece o diálogo. A busca do amor vai implicar também no ideal da minha vida, do meu projeto de vida, na minha livre escolha. Amar uma pessoa, um outro – implica amar um ser diferente, uma realidade complexa, um desconhecido, um MISTÉRIO.“...o amor se alimenta do desconhecido”.

Afetividade e a sexualidade são compreendidas como duas forças enormes que Deus colocou em nós. A sexualidade é muito mais que um órgão genital. Vai da ponta do dedo do pé até o último fio de cabelo. Parte do meu olhar para o sentimento e volta para o meu pensamento, atingindo a minha vontade, a minha ação e os meus gestos.
Não é o amor que é conhecimento, mas ele desperta a inteligência e lhe permite ir até o fim de seus esforços.
O processo de se apaixonar começa pela sensação agradável causada por alguma qualidade da pessoa. Esse processo não atinge, porém o verdadeiro amor enquanto não se ama a pessoa de maneira incondicional, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença...
Amar uma pessoa de verdade significa dizer a ela: “Você não morrerá”. O amor pede perenidade, eternidade – o amor por ele mesmo é eterno. O amor para ser amor de verdade, tem que ser eterno.
Quem ama deseja compartilhar a presença do outro, viver ao lado dele, desfrutar da sua proximidade física e espiritual.

Aquele que ama com liberdade interior, ama incondicionalmente. O homem não dispõe do amor: participa nele.
O lugar para acolher o amor é o coração que se oferece como um útero fecundo e aberto, apresentando-se para o bem amado como um ser totalmente apaixonado e feliz....

Pe. José Carlos Ferreira Santana (Pe. Zeca)

* Este texto foi publicado na Agenda de 2010 da Pastoral da Juventude do Brasil